Reconhecida liderança religiosa de matriz africana em Garanhuns é homenageada na UFAPE

Enviado por Daniela em Qui, 06/04/2023 - 13:02

 

No último sábado (25/03), a Pró-reitoria de Extensão e Cultura (PREC), em conjunto com a Universidade Popular em Rede e o Núcleo de Estudos Afrobrasileiros e Indígenas (NEABI), promoveu homenagem à matriarca do Candomblé em Garanhuns, a Yalorixá Zefinha de Sogbô Aganjú. Participaram do evento professores e estudantes da UFAPE, além de grupos de movimentos sociais, representantes dos poderes legislativos municipal e estadual, membros da sociedade civil e líderes religiosos das matrizes africanas. Isso porque um projeto de Lei apresentado pela Mandata Coletiva Fany das Manas foi aprovado na Câmara de Vereadores do município de Garanhuns, outorgando à Mãe Zefinha o título de cidadã garanhuense por seu destaque como liderança religiosa.


Esta foi a primeira vez que a UFAPE promoveu e vivenciou um momento com religiões de matrizes africanas. Bastante comovido, o estudante e bolsista do Programa de Apoio à Extensão (PIABE), Krause Albuquerque, relatou: “Foi fantástico poder participar desse momento! É a concretização da missão do processo de interiorização das universidades. Abraçar a sociedade, a cultura, a arte, a religião, é nos sentirmos pertencidos quando construímos histórias e as celebramos coletivamente. Para mim, este momento foi um marco de ruptura da visão de que a Universidade é um local inatingível e distante da sociedade. Dançamos a mesma ciranda num ato de celebração e respeito à diversidade” (SIC).  


A ação foi coordenada pela professora Marcia Felix, diretora do departamento de Arte e Cultura da PREC e que é, também, abian do Terreiro de Mãe Neta, em Paulo Afonfo-BA. “Homenagear Mãe Zefinha Sogbo Aganjú no mês em referência às lutas das mulheres e sediar a outorga do título de cidadã garanhuense que lhe foi conferido pela câmara municipal foi de uma emoção ímpar, sobretudo, por tornar possível uma das formas de reparação histórica a uma mulher, mãe e yalorixá que resiste há 54 anos como líder das religiões de matrizes africanas em nosso município. Para mim, é um dos papéis que a universidade deve cumprir com a sociedade, o de reconhecer os saberes populares do agreste de Garanhuns. Tudo foi lindo e uma aula de conhecimentos ancestrais e de tolerância religiosa”, comentou professora Marcia. Em seu discurso de boas-vindas aos presentes, a professora Viviane Sarmento, membro da PREC e coordenadora do projeto Universidade Popular em Rede, saudou a todos e todas e ressaltou “o privilégio que é para universidade entregar através do seu espaço e projetos essa homenagem à mãe Zefinha. Muito nos honra! A Universidade Popular em Rede é justamente uma iniciativa para com essa parceria de laços com os movimentos sociais e com a educação popular. Como diria Milton Santos: ‘o território é o chão mais a população’ e, nesse momento, me enche de alegria ver esse espaço composto de gente a qual funda essa base material e espiritual que traz Milton Santos. Nos dá esperança”. 


O evento ocorreu no período da tarde no laboratório do LACTAL e foi aberto à toda comunidade.