Em meio a um momento atípico em que se vive atualmente, com uma ocorrência epidêmica, as preocupações se voltam para os mais de 60 mil óbitos causados pela COVID-19. Situação que pode ser agravada com dos danos psicoemocionais que o isolamento social pode ocasionar a alguém, sendo necessário, em alguns casos, uma intervenção profissional para o tratamento dos efeitos da quarentena.
Dessa forma, entende-se que é indispensável a priorização da saúde mental nesse momento, e de acordo com a Psicóloga, professora e pesquisadora da Universidade Federal de Roraima (UFRR), que está em lotação na UFAPE, Talitha Lúcia Macêdo de Silva, a pandemia se apresenta repentinamente com “A necessidade de mudar toda a nossa realidade”, pois entende-se que nesse momento, uma grande mudança no estilo de vida da população mundial se torna presente, de forma que, "[...] A pandemia acaba nos levando para um lugar de incerteza, de insegurança, onde os nossos planos, projetos, têm que ser adiados para prazos que a gente não tem como estabelecer", diz Talitha.
“Uma nova realidade, de alguma forma, nos pede uma reinvenção”, afirma a Psicóloga, pois com todas as mudanças, uma nova rotina deve ser estabelecida, entendendo que todos os sentimentos rotineiros, como a ansiedade, o medo, e a tristeza, tendem a continuar, porém, o problema se dá quando estes sintomas tomam uma proporção que afetam as capacidades do indivíduo, referindo-se ao adoecimento psíquico: “Quando esse medo, essa ansiedade começam a tomar uma intensidade na qual o sujeito não consegue mais lidar com isso, quando começam a trazer sintomas de raiva, de desespero, stress, e começam a afetar as relações que ele estabelece, a necessidade de seguir as ações cotidianas, aí a gente precisa ficar atento!”.
Com a criação de uma nova rotina, adequada às condições do sujeito, para se obter um progresso e que o isolamento se torne um momento tolerável, é necessário que hajam atividades para o indivíduo que o causem bem-estar, dependendo das preferências de cada um, como a leitura de um livro, uma maratona de filmes, ou até uma faxina. Além disso, a busca por informações de qualidade ou um tempo a essas buscas, se tornam também imprescindíveis, para que quadros de ansiedade sejam evitados. Outros fatores que podem ser significativos para a sociedade nesses tempos de isolamento social são a comunicação com o outro, o aproveitamento de tempo a partir de ações criativas, e também dentro da possibilidade, a prática de alguma atividade física, como pular corda, dançar, yoga, não tratando isso como uma cobrança, mas sim como algo que seja prazeroso para o sujeito.
A profa. Talitha também sugere a criação de uma nova rotina para que os indivíduos mantenham seu sono regular, pois com um horário estabelecido, o sujeito não tem uma grande probabilidade de ser afetado neurofisiologicamente e fisicamente. Isto porque uma rotina de sono irregular traz repercussões no organismo do sujeito, e com todas estas sugestões adaptadas à realidade do indivíduo, o sentimento de bem-estar pode continuar vigente.
E com tudo isso, é preciso olhar também para frente. Reconhecer que vivenciamos um momento difícil, mas sempre tendo um olhar de esperança, esperando que isso passará. “Por mais que a gente não tenha nesse momento a segurança, a ‘certeza’, é preciso criar planos para o depois: ‘Quando isso acabar, qual a primeira coisa que eu quero fazer?’; ‘Quando isso acabar, quando tiver uma vacina, quais são os meus planos?’ E aí comece a elencar […]”. Embora não se tenha prazos, deve-se criar expectativas e planos, sugere a Psicóloga.
Por fim, a profa. Thalita deixa um recado para todos os leitores:
É importante “[…] Tentar pensar em quais possibilidades eu posso criar de reinvenção, de repensar nos modos de se relacionar com os outros, conviver em família e abrir espaço para acolher a incerteza, mas criar essa expectativa: ter esperança, acreditar que vai ter um depois. E ficar sempre atento aos sinais, aos sintomas: a tristeza é normal, a ansiedade é normal, mas o problema é a intensidade desses sentimentos.” Se necessário, “[...] Procure o atendimento voluntário, ou o CAPS das Flores, na Rua Francisco Tenório Albuquerque, 12 – Heliópolis, em Garanhuns, que continua funcionando, que conta com uma equipe multiprofissional de psicólogos, psiquiatras, assistente social. Dependendo da intensidade, busque a ajuda profissional para lidar com isso da melhor forma possível”.
Texto: Iuri Araújo e Larissa Melo.