O exercício físico na quarentena e a qualidade de vida

Enviado por ufape em Seg, 10/08/2020 - 21:00

Todos nós sabemos que o exercício físico traz grandes benefícios para o indivíduo. Mas de que forma o exercício pode ajudar nesse contexto excepcional do isolamento social provocado pela pandemia do COVID-19? Para falar sobre o assunto, contamos com a profa. Me. Catarina Souza, do setor de Educação Física da UFAPE, que nos trouxe diversas recomendações sobre a realização dos exercícios físicos em casa e também ao ar livre.
 
Segundo a profa. Catarina, “o exercício físico não vai impedir o contágio, caso o indivíduo tenha contato com alguém infectado, porém, fortalece o sistema imunológico, fazendo com que o nosso organismo responda de maneira mais eficiente à contaminação.” Vale também na prevenção de algumas doenças crônicas que podem agravar quadros da COVID-19, como a hipertensão e diabetes, entre outras comorbidades que levam ao agravamento do quadro. O condicionamento muscular e cardiorrespiratório é fortalecido também quando nos exercitamos, melhorando a circulação e a oxigenação do nosso corpo. Melhora a qualidade do sono, desde que observemos o melhor horário para o exercício. Ela ressalta que é preciso ter um bom espaço de tempo entre o horário do exercício e o horário do repouso, pois o corpo necessita desacelerar para o relaxamento.
 
Vale ressaltar ainda que o exercício físico melhora nosso desenvolvimento cognitivo, e, por conseguinte, nosso raciocínio e memória, além de reduzir o stress, e ser um grande aliado no tratamento de depressão e ansiedade, por dois motivos: “primeiro por ser um momento onde as atenções se convergem para a atividade em si, se desligando dos problemas e, pelo fato do nosso corpo liberar uma série de substâncias, como a endorfina, conhecido como ‘hormônio da felicidade’, mas que fica por pouco tempo no organismo, o que causa a necessidade de uma regularidade no exercício físico”.
 
A professora nos lembra que a orientação é que, durante a pandemia, os exercícios sejam feitos preferencialmente em casa, mas ainda é preciso prestar atenção numa série de fatores. “Se você já praticava exercício físico regular, já tinha um acompanhamento profissional, você deve continuar se exercitando em casa, adaptando aquilo que você já fazia. Caso seja uma pessoa sedentária que deseja iniciar uma rotina de exercícios e saiba que tem uma doença crônica, como diabetes, hipertensão ou asma, é necessário consultar o seu médico antes de iniciar”.
 
Se você desconhece ter uma doença crônica, existe um questionário chamado PAR-Q, disponível na internet, onde, caso responda “sim” em alguma das perguntas, é necessária a orientação profissional, e assim, o indivíduo deve procurar o seu médico para que ele possa orientar seu exercício físico. Caso contrário, você está teoricamente apto a iniciar uma rotina de exercícios.
 
Vale ressaltar que nada substitui a orientação de um profissional de educação física. O departamento de Educação Física da UFRPE elaborou uma apostila para pessoas que estão aptas a fazer exercício em casa. Essa apostila pode orientar uma série de exercícios, inclusive com fotos, pode encontrar o PAR-Q, e pode se categorizar como iniciante, intermediário, ou avançado, para que cada pessoa possa realizar exercícios de acordo com sua capacidade e nivelamento.
 
Outra boa fonte de informações é a cartilha da Organização Mundial de Saúde - OMS, que contém exercícios simples, mas que trazem grandes benefícios para aqueles que estão iniciando seus exercícios. Além disso, há diversos aplicativos e vídeos no YouTube que ensinam a fazer exercícios, mas é preciso ter muito senso crítico na escolha dessas plataformas.
 
Em algumas cidades, os parques que possuem pista de cooper, entre outros aparelhos que facilitem exercícios físicos, foram liberados para funcionamento. Mesmo assim, a professora alerta que a recomendação é que prioritariamente, a atividade seja realizada em casa mesmo, como maneira eficiente de proteção. É claro que ao ar livre se tem outros benefícios, mas o cuidado precisa ser muito grande: “roupas adequadas para exercícios físicos, a questão do distanciamento que precisa ser mantido e levado a sério.
 
A recomendação da OMS é de dois metros, mas durante o exercício precisa ser ainda maior, porque você está transpirando e consequentemente, eliminando mais gotículas no ar”. A professora Catarina informou ainda que existem pesquisas que mostram que para cada tipo de exercício, há uma distância recomendada diferente. “Quanto maior a intensidade do exercício, maior a distância, mas varia entre quatro e dez metros. A OMS recomenda que durante a pandemia não sejam feitos exercícios de alta intensidade, por mais que você já tinha, na sua academia, uma rotina de exercícios intensos, não é recomendado durante a pandemia, por estas e outras questões”, enfatizou.
 
E ressaltou que  “outra questão apontada pelas pesquisas é o uso da máscara, onde as pesquisas mostram que não há uma interferência negativa na quantidade de oxigênio que você vai respirar, além da questão da intoxicação por gás carbônico. As pesquisas apontaram que mesmo de máscara, a troca de gases se mantém num nível adequado. Então se você deseja fazer atividade ao ar livre, seu cuidado precisa ser redobrado”, concluiu.
 
Texto: Iuri Araújo